O sábio do Pantanal: jaguatirica idosa é registrada por equipe de monitoramento

  • 27/01/2025
(Foto: Reprodução)
Registro incomum feito na base da Caiman Pantanal, em Miranda (MS), revela força e resiliência de um macho idoso desafiando as expectativas da vida selvagem no habitat natural. O encontro aconteceu durante um monitoramento de fauna na Caiman Pantanal Giovanna Leite Entre os galhos de uma árvore no coração do Pantanal, uma figura rara chamou a atenção da equipe do Onçafari, entidade que trabalha na conservação da biodiversidade brasileira em diversos biomas. Um macho idoso de jaguatirica (Leopardus pardalis), cuja presença desafiava as expectativas de longevidade e vigor desses felinos, foi registrado com características marcantes de envelhecimento, mas exibindo impressionante força e agilidade. O encontro aconteceu durante um monitoramento de fauna na Caiman Pantanal, a principal base do Onçafari com uma área de 53 mil hectares protegidos. À primeira vista, o animal parecia ferido, levando a uma rápida mobilização da equipe para verificar seu estado. A preocupação girava em torno de um grande incêndio que afetou o Pantanal recentemente e impactou muito as populações de animais que lá vivem. Diversas equipes estavam em campo para monitorar os animais sobreviventes, e uma delas avistou esta jaguatirica se movendo de maneira peculiar. Apesar da idade avançada, o animal se movia com normalidade entre os galhos Giovanna Leite No entanto, o que se revelou foi um macho idoso, mas em condições notáveis de saúde, um caso raro e ainda mais especial por ser o primeiro registro do tipo feito pelo Onçafari. “A Caiman Pantanal é uma área preservada de 53 mil hectares, e embora seja um desafio encontrar jaguatiricas por aqui, quando as encontramos, geralmente são animais jovens. Encontrar jaguatiricas idosas não é algo comum por aqui. Nunca havíamos registrado casos de jaguatiricas idosas, e por isso, eventos como esse são super legais e importantes de serem reportados.”, explica a bióloga do Onçafari e responsável pelo registro, Giovanna Leite. De acordo com Giovanna, a idade jaguatirica gira em torno de 10 anos de idade, mas nunca chegaram a monitorar uma jaguatirica desde seu nascimento até a idade avançada de sua vida, uma vez que o foco da instituição é o monitoramento de onças-pintadas. “Aqui na nossa base da Caiman Pantanal trabalhamos com a onça-pintada, a nossa espécie-alvo, e temos monitorado esses animais há quase 14 anos. Por isso, adquirimos um profundo conhecimento sobre a intimidade das onças. Com isso, estamos constantemente em campo, em busca desses felinos, e durante o processo, acabamos nos deparando com uma grande variedade de outras espécies”, diz Giovanna. Jaguatiricas mais velhas tendem a ser mais magras, resultado da redução na frequência de caça em comparação com os indivíduos mais jovens. Giovanna Leite O avistamento também despertou curiosidade pela forma como a jaguatirica se comportava. Apesar da idade avançada, o animal se movia com normalidade entre os galhos, demonstrando que o ambiente protegido, com abundância de alimento e água, foi crucial para sua sobrevivência. Segundo a bióloga do Onçafari, o fato de ter alcançado essa idade é um reflexo de sua habilidade em se manter em seu território, caçar com eficiência e se defender de outros machos, deixando evidentes suas habilidades e adaptabilidade. Além disso, como a Caiman Pantanal é uma área protegida e sem ameaças como caça ou desmatamento, a espécie teve a oportunidade de conquistar tudo isso naturalmente. “Pelo simples fato dele estar no alto de uma árvore, conseguindo subir, descer e se locomover entre os galhos, saltando e caminhando no topo, já diz muito sobre suas condições, embora magro, ele estava em condições corpóreas adequadas”, informa Giovanna Leite. Macho idoso de jaguatirica avistado no Pantanal Giovanna Leite As características físicas de uma jaguatirica podem revelar muito sobre sua idade. Indivíduos mais velhos apresentam vibrissas (bigodes) com diferenças de tamanho, frequentemente desalinhadas, e as pontas das orelhas começam a mostrar sinais de imperfeição. Esses detalhes visíveis ajudam a diferenciar animais idosos dos mais jovens, facilitando a identificação durante as observações no campo. Além disso, jaguatiricas mais velhas tendem a ser mais magras, resultado da redução na frequência de caça em comparação com os indivíduos mais jovens. Essa perda de massa muscular não indica problemas de saúde, mas sim o processo natural de envelhecimento, evidenciando a resiliência e adaptação desses felinos, mesmo em fases avançadas da vida. Para o Onçafari, cujo foco principal é o monitoramento de onças-pintadas, esse registro reforça a importância de preservar o ecossistema do Pantanal. Com uma vida que já deve ter testemunhado inúmeras mudanças na floresta, o "sábio do Pantanal" segue sendo um símbolo de resistência e um lembrete de que cada espaço preservado é essencial para a sobrevivência dessas espécies. *Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2025/01/27/o-sabio-do-pantanal-jaguatirica-idosa-e-registrada-por-equipe-de-monitoramento.ghtml


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